A Associação Norte-Americana de Funcionários dos Transportes das Cidades (Nacto, da sigla em inglês), que reúne as agências de trânsito e transporte das 84 maiores cidades da América do Norte, publicou no dia 21 de maio um documento apontando iniciativas e soluções para a melhoria das cidades, durante a pandemia do novo coronavÃrus (Covid-19). O projeto piloto “Feira Segura” para hortifrutigranjeiros, desenvolvido em Goiás, foi a única iniciativa brasileira citada no documento. A ação desenvolvida no Estado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e das Centrais de Abastecimento de Goiás (Ceasa Goiás), em parceria com Sistema Faeg Senar e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), aparece no documento intitulado “Streets for Pandemic Response and Recovery” (Ruas para resposta e recuperação da pandemia, na tradução livre) junto a outras iniciativas de todo o mundo que surgem como exemplos de ações para as cidades, no uso das ruas, frente ao enfrentamento da doença e para o pós-pandemia.
O documento foi elaborado pela iniciativa conjunta da Nacto com seus parceiros. A ideia é prover cidades ao redor do mundo com estratégias de sucesso, coletadas por diversos paÃses e de rápidas respostas, que podem ser usadas para redesenhar e adaptar ruas para novos usos, durante a crise da Covid-19 e na sua recuperação. “Agências de transporte e trânsito por todo o mundo estão liderando a resposta com ações rápidas, fortes e criativas para remodelar suas ruas e os usos dos principais recursos existentes de formas diferentes”, afirmou a membro do Nacto e diretora da Bloomberg Associates, Janette Sadik-Khan, no site da entidade. “O uso adaptado das ruas pode nortear a resposta global e a recuperação da crise, mantendo as pessoas seguras e as cidades unidas e se movendo.”
Segundo o documento, face às alterações promovidas pela pandemia em diversos aspectos da vida urbana, autoridades municipais, estaduais e federais, além de sociedade organizada, implementaram rapidamente novas ferramentas de design e gerenciamento de ruas para manter a continuidade de serviços essenciais, sobretudo ligados ao abastecimento de insumos de saúde, alimentação e segurança, mantendo seguros seus trabalhadores e a população em geral. A publicação compila essas táticas e práticas emergentes em sua aplicação a diferentes fases da resposta pandêmica local.
O projeto piloto “Feira Segura” é a única iniciativa brasileira elencada no documento até o momento (a publicação será revisada constantemente para inclusão de novas iniciativas). O modelo proposto visa estimular a realização de feiras livres em todo o PaÃs seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar o contágio por coronavÃrus. Além disso, a proposta é ajudar os produtores rurais que estão com dificuldades para vender a produção devido à pandemia da Covid-19 e para que os alimentos cheguem mais facilmente à mesa dos consumidores.
O modelo lista orientações e medidas de proteção, tanto ao feirante quanto ao consumidor, como preferência por produtos previamente embalados, demarcação para distanciamento das barracas, higienização constante das mãos e utilização de máscaras. Há ainda a possibilidade de instalação de pontos drive thru, onde os consumidores retiram os produtos já encomendados com os produtores e fazem o pagamento sem precisar sair do carro. A Seapa elaborou um Manual de Orientação e Boas Práticas contra o CoronavÃrus (Covid-19), no qual constam todas as informações necessárias para serem adotadas nas feiras livres de hortifrutigranjeiros em Goiás. Os interessados podem acessar o material pelo site: www.agricultura.go.gov.br.
Conforme avalia o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Carlos de Souza Lima Neto, a inclusão do modelo lançado em Goiás no documento mostra a importância da adoção das boas práticas e de como podem fazer a diferença no combate ao novo coronavÃrus. “O modelo já era um sucesso por ser estimulado em todo o PaÃs pela CNA, junto aos produtores rurais e feirantes, mas agora, com a inclusão entre os exemplos para o mundo todo só reforça que o trabalho do Governo de Goiás e dos seus parceiros é estruturado na busca da melhoria da vida do cidadão. Iniciativas com essa repercussão podem contribuir para evitar o contágio e para salvar vidas”, destaca o secretário.
Para Antônio Carlos, o modelo piloto de Goiás foi aprovado pelo governador Ronaldo Caiado por entender que as feiras são de extrema necessidade para o abastecimento de alimentos nas cidades. “Junto ao Sistema Faeg Senar e à CNA, elaboramos orientações com as boas práticas da OMS que podem garantir o alimento na mesa e ainda a destinação dessa produção que sustenta famÃlias por todo o Estado, em segurança. É claro que precisamos da colaboração dos feirantes e da população para que a comercialização ocorra corretamente, mas no geral todos estão colaborando por entenderem a gravidade da situação e a necessidade dos cuidados”, analisa.
Aprovação
Os feirantes reconheceram a importância das medidas de segurança e de distanciamento social, além da necessidade de se adequar à s medidas de proteção na comercialização dos alimentos. De acordo com Neide Pereira Gomes, que atua há 28 anos como feirante de frutas e verduras nas feiras do Crimeia Oeste, Cepal Jardim América e Balneário Meia Ponte, em Goiânia, as orientações estão bem claras e são necessárias. “Entendemos quando houve a paralisação das atividades e fiquei muito feliz com o retorno, pois minha renda depende da comercialização desses alimentos. Estamos adotando todas as medidas de segurança no nosso espaço para a proteção de todos”, informa.
Já o feirante Oscar Soares, que trabalha de terça a domingo com a venda de queijos e doces nas feiras de Goiânia, em bairros como Morada do Sol e Criméia Oeste, acredita nas medidas tomadas, como o uso da fita de marcação, álcool em gel e máscara, e no dever dos feirantes em também conscientizar os clientes visitantes das barracas. “Trabalho há 28 anos como feirante e antes mesmo de receber o manual, já estava pensando em como orientar o consumidor para resguardar a minha saúde e a dos clientes. As orientações que chegaram por parte do governo foram muito claras e tento seguir todas e orientar o consumidor no distanciamento, no manuseio do dinheiro e na prevenção. Sabemos das complicações da doença e precisamos que cada um faça a sua parte”, salienta.
Soluções pelo mundo
Junto da iniciativa lançada em Goiás, aparecem ainda soluções como a conversão de faixas em calçadas expandidas ou ciclovias; criação de ruas exclusivas para pedestres ou ruas lentas compartilhadas para a promoção do distanciamento fÃsico; e espaços em calçadas ou na rua para café e refeições ao ar livre. Também aparecem iniciativas para marcação de espaços para filas quanto ao distanciamento para se entrar em comércios ou no transporte coletivo; modelos de zonas de entrega e delivery; espaços de atividades ao ar livre e de comunicação.
Além do Brasil, foram elencadas soluções da Albânia (Tirana), Argentina (Buenos Aires), Bélgica (Bruxelas), França (Paris), Estados Unidos (Alexandria, Brookline, Cincinati, Dallas, Miami, Minneapolis, Oakland, Raleigh, Seatle e Tampa), Itália (Milão), Lituânia (Vilnus), Myanmar (Kalaw), Nova Zelândia (Auckland e Dunedin) e Reino Unido (Londres). A ideia é que governos municipais, estaduais e federais se inspirem nessas iniciativas e compartilhem outras para ajuda mútua.
O documento completo está disponÃvel gratuitamente AQUI.
Comunicação Setorial da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), com informações da Nacto