Emater testa mudas clones de limão siciliano em propriedades rurais de Anápolis

Pesquisa conseguiu pela primeira vez obter materiais mais semelhantes ao limão siciliano importado. Com grande diferença de preço no mercado, variedade pode trazer maior ganho econômico para os produtores | Imagens: Divulgação

A Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) iniciou, neste mês, a distribuição de mudas clones de limão siciliano para agricultores familiares de Anápolis. Desenvolvidas na Estação Experimental da Emater no município pelo pesquisador e engenheiro agrônomo Toshio Ogata, as mudas serão avaliadas por cinco produtores de citros da região.

A estação, que já contava com experimentos com outras frutas cítricas, como laranja e mexerica, também conduzidos por Toshio, executa estudos com o objetivo de chegar a variedades que produzam mais e com maior qualidade, avaliando também as possibilidades mais rentáveis para o mercado.

Segundo Marcos Coelho, gerente da Estação Experimental, dos vários clones das mudas de limão siciliano, foram selecionados por Toshio três que apresentam perspectiva de se tornarem material comercial. 

“Nós estamos disponibilizando essas mudas para uma primeira avaliação em campo pelos produtores, porque às vezes o padrão que a pesquisa tem é diferente do que o produtor tem”, explica Marcos. Ele conta ainda que é a primeira vez que a equipe consegue chegar a um material tão semelhante ao limão siciliano importado e com características de comércio interessantes. 

As fases de produção e avaliação em campo estão acontecendo nas unidades de extensão de Anápolis junto aos agricultores. De acordo com Álvaro Gonçalo Rodrigues, engenheiro agrônomo da Emater que organizou a distribuição das mudas, alguns critérios foram estabelecidos para a escolha dos produtores que as receberam, como apresentar experiência com produção e manejo de citros. Além disso, orientações sobre o plantio foram enviadas por Toshio, como tamanho adequado das covas e adubação. 

Sérgio Mendes, produtor de goiaba, abacate e limão, foi um dos agricultores selecionados para avaliar as mudas clones. “Tentei produzir mexerica, não deu certo. Mas no limão eu obtive muito sucesso. Tenho muitas safras boas de limão taiti”, conta o produtor.  “A adubação correta, irrigação, ficar atento às formigas, tudo isso é fundamental para uma boa formação das mudas”, conclui.

Sérgio Mendes, um dos produtores rurais com propriedade na qual serão testadas as mudas clones de limão siciliano desenvolvidas pela Emater

Produção em Goiás

Segundo dados da Radiografia do Agro de 2021, publicação da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Goiás é o 15º maior produtor de limão do país, são 13 municípios e 171 estabelecimentos rurais produtores da fruta. Em 2020, foram comercializados pelas
Centrais de Abastecimento de Goiás (Ceasa) 20,5 mil toneladas de limão, movimentando R$ 60,2 milhões. Inhumas, Anápolis e Abadia de Goiás estão entre os maiores produtores do Estado, ocupando o topo da lista.

De acordo com Toshio Ogata, a produção de limão siciliano em Goiás ainda é muito baixa, por isso, a maioria do limão dessa variedade comercializado no Estado é importada. “O limão que é produzido no Brasil é um limão siciliano de aspecto muito feio. A casca é grossa e a dona de casa normalmente gosta daquele que é comprido, não muito grande, amarelinho, que tenha bastante suco e casca fina”, explica. 

Dados da Análise Conjuntural da Ceasa mostram que, no ano passado, foram comercializadas mais de duas mil toneladas de limão siciliano em Goiás. Desse total, apenas 1,2 toneladas foram produção goiana. Segundo Toshio, ainda é cedo para fazer um prognóstico sobre a produção dessa variedade no Estado, mas a expectativa é que o consumo aumente e, com isso, a produção também.


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