Encontro da Agricultura Familiar destaca papel de cooperativismo em Mineiros

Neste mês de dezembro foi realizado por videoconferência o Encontro da Agricultura Familiar, para discutir sobre cooperativismo e apresentar o balanço das ações desenvolvidas pelo Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), e instituições parceiras junto aos agricultores familiares da região de Mineiros, município no Sudoeste Goiano. A roda de conversa contou com a participação do presidente da Creditag, Alcindo Borges, a presidente da Cooperativa de Agricultores Familiares de Mineiros (Coopermin), Zenaide Almeida, e o convidado especial Anderson Roberto Pires e Silva, doutor com ênfase em cooperativismo pelo Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Conforme o Censo Agropecuário de 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem 5.073.324 empreendimentos agropecuários no país, sendo 3.897.408 (76,8%) classificados como agricultura familiar. Em cerca de 10% desses estabelecimentos de pequeno porte, o produtor é associado de alguma cooperativa.

Durante a palestra, o pesquisador Anderson Roberto ressaltou que a partir dos dados acima é possível observar o contexto da agricultura familiar em interação com o cooperativismo. Para ele, é fundamental estimular a união entre os pequenos produtores rurais para atingir objetivos que beneficiem, direta ou indiretamente, todos os envolvidos.

“Quando passamos a pensar não só na questão econômica, e a gente adentra na questão da variável social que a agricultura familiar representa, tanto para os produtores rurais quanto para suas respectivas famílias e comunidades, aí vamos entender qual seria a importância das cooperativas. A importância desses produtores rurais da agricultura familiar se constituírem enquanto cooperativas”, afirma.

O especialista destacou a dimensão das produções familiares para a economia do país. Segundo ele, de acordo com o Censo Agropecuário de 2006, a base econômica de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes se constituía de agricultores familiares, respondendo por 35% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O relatório também mostrou que 40% da população economicamente ativa era absorvida nesse tipo de produção e que 84,4% dos estabelecimentos agropecuários do Brasil pertenciam a grupos familiares.

Além disso, esses produtores abastecem a mesa dos brasileiros com produtos básicos da nossa alimentação: 70% do feijão, 34% do arroz, 87% da mandioca, 46% do milho, 38% do café e 21% do trigo são produzidos pela agricultura familiar. Na pecuária, a participação também é expressiva, já que o segmento responde por 60% da produção de leite, 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos.

O palestrante explicou também a diferença entre o papel das cooperativas e das associações. “A cooperativa é um dos únicos empreendimentos que na sua essência têm uma vertente híbrida que trabalha de forma concomitante tanto a questão econômica quanto a social. Essa é uma característica exclusiva das sociedades cooperativas. A associação tem sua essência exclusiva voltada ao social”, diz. Ainda de acordo com ele, a cooperativa nasce para servir de entreposto entre o cooperado e o mercado, preocupando-se com o bem estar do associado, familiares e comunidade.

Anderson Roberto salientou ainda que a cooperativa surge como uma alternativa aos obstáculos do trabalho individual – como, por exemplo, a competitividade –, de forma a garantir o bem-estar social através de alimento na mesa, vestimenta e acesso a um padrão de vida de qualidade sob todos os aspectos. Por fim, a autogestão foi apontada como um cuidado essencial para não gerar conflitos de interesses. A disponibilização de informações que são de interesse coletivo contribui nesse quesito. A prestação de contas é uma das ferramentas que ajudam a garantir um maior grau de transparência aos cooperados.

“Neste ano de pandemia, que foi atípico para todo mundo, para nós ainda é uma vitória. A gente só não vai vender mais porque não temos mais produção. Devido à pandemia, muitos diminuíram suas produções, mas, graças a Deus, a gente está conseguindo fechar com mais de R$ 1 milhão. E isso, para nós enquanto cooperativa, é muito importante, saber que cumprimos, mesmo com todas as dificuldades, com a nossa meta”, comemorou a presidente da Coopermin, Zenaide Almeida.

No final do encontro, também foi apresentada a avaliação do plano de ações integradas de desenvolvimento da agricultura familiar de 2020 e o planejamento para o próximo ano. O encerramento se deu com a realização de sorteio de brindes para os participantes online na plataforma do Google Meet.


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